Tenho o vento forte,
Flamejante ao poente,
Dentro de mim!
Que assopra nas orlas,
Tenho o vento forte,
Nas orlas do nosso finito destino,
Fugazes prelúdios inacabados.
Visões dilacerantes e voluptuosas
No consternado dilema enraizadas.
Onde só ficou a flamejante
Chama do encouraçado despedaçado,
Só restando a nós juntar os cacos
De nossos corações amargurados!
Dentre longínquas ilhas inexploradas,
Sabendo que encontraria amores
Ainda não apreciados, ficarei, então...
Nestes desejos infinitos: Naufragado!
Pictures: Rosa dos Ventos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_dos_ventos
O amor...
Não nasce assim... De surpresa.
Ele é fruto de sinceridades
Mutuamente sentidas.
É todo um magnetismo
Na ofuscante descoberta
Em que a cada troca de olhar
Verifica-se o amor crescendo.
Não é apenas um tocar.
É também um eterno
Pensar e sentir.
É todo um ato de confiança:
Um entregar por inteiro,
Sem ter que temer o falso amor
O esplendor das horas em tua companhia
Faz mover os astros silenciosamente,
Desvendando os segredos do gênesis,
Acariciando a languidão do ser.
Noutros corpos viajei
Num vaivém do êxtase,
Pondo um sorriso não eterno nos olhos,
Habitando impiedosamente o coração.
Mas não encontrei a mim mesmo.
Só reflexos do nada, herméticos
Instantes – rio que flui sem leito:
Teu corpo que outrora amei.
“Para ver o mundo num grão de areia
E um céu numa flor silvestre,
Segure o Infinito na palma da sua mão
E a eternidade numa hora.”
William Blake, em Auguries of Innocence
Nesta antemanhã celestial,
Desfizeram-se eternos mitos.
Infinita sensação galaxial
Fugaz, apesar dos seus ritos!
Vem a doloríssima manhã, vem...
Redimir esta dor universal,
Que os homens lúcidos têm
De ver a disseminação do mal.
Exorcizando antigos medos,
Libertando da matéria os ais!
A rosa desse final dos tempos
Não se desintegrará jamais!