domingo, 2 de fevereiro de 2020

Há um compasso de espera no coração...




















Há um tempo de nascer, outro de morrer...

E no lacônico intervalo, o resistir!

Onde os corpos se encontram aflitos

Procurando o amor no entender dos fluidos.

Há um tempo de crescer, outro de aprender....

Conhecer o amor em sua plenitude,

E fazê-lo, sempre, seu perene abrigo!

Há um tempo de ganhar, outro de perder...

E de fazer, sem querer, da esperança:

Seu modo peculiar cotidiano de vida!

Há um tempo de chegar, outro de partir...

Sendo que aquilo que vivemos com ardor,

No passar das breves estações, fica

Nas boas lembranças que se leva consigo!

Há um tempo de cultivar, outro de ceifar...

De valer todo o suor por ter arado a terra;

Semeando os sonhos e vendo-os refletidos

No sorriso descontraído e sem pressa do filho.

Há um tempo de florir, outro de renunciar...

Onde a seiva da vida ainda nos possui,

Sendo um néctar precioso que se esvai...

E, inefavelmente, um dia finda!



sexta-feira, 13 de julho de 2018

Decifra-me








Decifra-me,
Em uma pujante cadência...
Devorando-me com teu olhar
Sorrateiro que expõe,
Minh’alma desnuda!
Acaricia-me com exatidão
Toda a languidez do ser,
Em suas dobras e cotovelos...
Fazendo da matéria
Uma aventura,
Um turbilhão de prazer.
Em seu corpo nu,
Basta-me, o universo!
Onde não precisa
Confidenciar os teus segredos
(O silêncio já se denuncia)
Com sua voz de anjo,
Ou sussurrar aos meus ouvidos
Os poemas de Shakespeare:
Só precisa estar e ser,
Em mim.



Rosa dos ventos:


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Menino dos olhos azuis



















Quem é ele?
 Que vem de mansinho:
Tão pequenino 
A nos socorrer?
 De pés descalços 
Tão pobrezinho... 
– Parece ser o menino,
Menino dos olhos azuis
Faz voltar a esperança
Com seu sorriso. 
O menino não sabe, 
Não adianta...
O destino nos fez assim. 



marilia, 1979







sábado, 4 de novembro de 2017

Ao salpicar o céu da boca com o inesperado gosto da fruta!

                       

A falsidade entre os homens não terá mais serventia












"O que Nascer em Mortal Condição
Com a terra se há-de-ver consumido..."
William Blake
( Poeta e Artista Plástico )
1793 D.C.


Quando içares as velas
Em fuga célere do teu destino,
Não deixarás as lembranças
Marcarem o teu inóspito caminho.
Sentirás mais leve e livre
Dos tomentos de ser humano,
Em vasto fado de morrer sem saber
O verdadeiro motivo de estar docemente
Marcada em teu gene: tamanha sina.
E os teus infinitos desejos,
Ao longo desta trajetória impune,
Jamais serão em vão...
Se ficares atenta, ainda que medonha
Força estranha nos oprima,
Sentiremo-nos mais fortes
Quando a esperança ainda brotar,
E nos fazer acreditar que exista algum lugar
Sem a truculenta e funesta mentira!
Mesmo que o manto negro mortal nos possua
Em pecado original e ainda nos resigne:
O amor divino finalmente triunfará,
Libertando de todo mal que nos abriga:
A solidão não precisará mais guarida!
E a roda da fortuna será um livro aberto,
Sem esconder nada ao acaso vinga:
Onde a pureza sublime reinará
Inevitavelmente, todos os dias.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Não serão mais inuteis os versos...













Não serão mais inúteis os versos:
Declamados ao romper da alvorada,
Aos braços da mulher amada...
Sob as incontáveis estrelas e da lua torta!
Sonhei outro País, outro Continente
Outro derradeiro Universo!
Não cabe mais aos homens deter
A chegada triunfante da primavera...
E não se derramará mais inutilmente
O imaculado sangue sobre a terra.
Ouviremos os cantos da passarada,
Trazendo-nos inesperados ventos: 
Os aromas esquecidos no outrora...
Em qualquer canto haverá mais encanto,
Como se fosse a paz desabrochando:
Numa flor do campo que nunca morre,
Trazendo consigo a esperança fúlgida
Resplandecendo, inesperadamente,
Ao poente findando a madrugada!
E todos seremos de novo crianças,
Brincando sem medo na beira da aurora,
E perseguiremos os nossos sonhos:
Não serão mais inúteis os versos
Inocentes declamados por agora!





imagem retirada da internet:

http://ozieloficial.blogspot.com.br/2011/05/eu-e-voce-vivendo-sob-uma-lua-de-papel.html














sábado, 16 de setembro de 2017

A Rosa do Amanhã







Quando o acaso chegar
E banhar o teu véu acariciado pela aventura
De ser humana a condição lavrada
Nas têmperas das dores vividas,
Lembrarás, inevitavelmente,
Dos amores por um dia perseguidos
Numa juventude da flor da mocidade,
D’um outrora jamais esquecido.
E te contaminará de uma arrebatadora
Saudade de um tempo em que a maldade
Não abrigava nossos corpos impunes!
Íamos tão felizes sem o perceber...
Sendo que se esvaía o melhor do fruto
Com sabores finitos... De um gosto,
Que nunca e jamais apreciaríamos:
Este desejo infinito que foi as nossas vidas!